Faturando até 3 milhões por mês, quadras de areia se espalham por SP

Por Beatriz Carneiro e Kaynã de Oliveira

Quem entra ou sai pelo portão 3 da Universidade de São Paulo (USP) dá de cara com chamativo outdoor onde se lê “Estação Praia”. A tal “praia”, na verdade, é um conjunto de quadras de areia para esportes como o beach tennis, vôlei e futevôlei. A 10 minutos dali se encontra o Calçadão, outro espaço de quadras — três, no caso –, com decoração inspirada nas praias cariocas. Os dois empreendimentos seguem o mesmo preceito: levar aos alunos e praticantes dos esportes de areia a sensação de estar no litoral.

São cerca de 200 quadras de areia na capital paulista e mais 1.500 em todo o estado de São Paulo, de acordo com a Federação Paulista de Tênis. A multiplicação desses espaços tem a ver com lazer, esporte e também com oportunidade de negócios.  Investidores vêem nas atividades de praia uma chance para empreender num nicho não convencional.

Quem topa falar sobre números tem razões para comemorar. O Estação Praia tem mais de 400 alunos de perfis variados, contemplando desde adolescentes até a terceira idade, praticantes profissionais, iniciantes e quem só procura um alívio da rotina vivendo em São Paulo.O empreendimento fatura cerca de 250 mil reais por mês, chegando até 3 milhões ao ano. Já as despesas variam entre 180 mil a 220 mil por mês. 

Éder Rosendo, gerente do Estação, acredita que, em pouco tempo, as pessoas terão as quadras de areia cada vez mais próximas de suas residências. Éder ainda explica que investir nesses espaços não demanda um investimento alto. “Pensando em negócio, é uma atividade gostosa e prazerosa de se realizar no sol e na areia. É divertido”, diz. 

A característica recreativa é um dos atrativos para os alunos e praticantes. Os esportes são democráticos e podem ir de lazer a performance, comenta Caio Troi, sócio fundador do Calçadão. “Quem quer performance faz um treino pesado, mas tem também quem quer jogar com a família e se divertir também. Para quem nunca praticou, é um esporte fácil de começar”. Em termos de custos, a locação de quadra custa em média 150 reais por hora e as aulas a partir de 250 reais por mês. Já uma raquete apropriada para o beach tennis varia entre 300 e 2400 reais.

O Calçadão surgiu em 2018, a partir da formação de sociedade entre cinco amigos apaixonados por esportes de areia. Tudo começou com o objetivo de poderem praticar juntos e de fornecer um serviço que não era comum à época. Apesar de já existirem quadras de areia em São Paulo, Caio conta que a estrutura era defasada. E foi daí que surgiu a ideia de criar um ambiente que reúna esporte, lazer e serviços. Tudo isso em um lugar com ambientação inspirada no clima praiano do Rio de Janeiro.

O empreendimento deu tão certo que hoje o Calçadão conta com cinco unidades, localizadas em Pinheiros, Perdizes, Itaim Bibi, Butantã e Belo Horizonte, em Minas Gerais. Cada unidade, além das quadras de areia, conta com parceiros de serviços. A do Butantã é a pioneira. Conta com uma academia convencional e um restaurante, o Botanikafé. Os serviços fornecidos em cada unidade variam entre bar, restaurante, academia de fisioterapia e até pista para bicicletas em estilo tracking, como é o caso da unidade de BH.

Assim como o Calçadão, a paixão pelo esporte entre amigos também deu origem à Estação Praia. São três sócios fundadores que, durante a pandemia, em 2020, resolveram criar um ambiente ao ar livre para a prática esportiva. Seguindo o conceito praiano, o lugar tem três quadras, cada uma com nome de praias famosas, como Noronha,  Pipa e Jurerê. Colado no Portão 3 da Cidade Universitária, o lugar serviu de refúgio para quem queria praticar atividades físicas em ambiente aberto no auge da crise sanitária. 

“Durante a pandemia foi estranho, porque muitas pessoas tinham medo de fazer a prática de atividade física. Depois, com as pesquisas que foram surgindo informando que o risco de contaminação em locais abertos era menor, a adesão aumentou. O espaço, por ser aberto, foi uma opção muito boa. Foi um sucesso”, comenta Éder. 

Para o gerente, a pandemia trouxe uma conscientização sobre a importância da prática esportiva na manutenção da saúde, mas também incutiu a necessidade das pessoas de fugir do estresse e se envolver com atividades que deem prazer. “Se vocês observarem o clima aqui, as pessoas andam de chinelo, descalças, trazem cachorro, vem criança. Aos finais de semana, parece mesmo uma praia. As pessoas usam sunga, short. É uma atividade que não está só ligada ao desempenho e resultado da performance, mas ao lazer e a interação social”, afirma Rosendo. “Hoje, temos uma praia no meio da selva de pedra”.