Espremido entre dois países de dimensão continental, limitado pelo oceano Atlântico, o pequeno Uruguai é um dos gigantes do mundo quando o assunto é futebol. No território a leste do Rio da Prata, o esporte é parte essencial da cultura e da identidade nacional.
A tradição pode ser vista na raça com que os jogadores demonstram em campo, nas festas das arquibancadas e, é claro, na rica história de conquistas e constante revelação de talentos excepcionais.
Mas, mesmo com a tradição e competitividade vivas na Celeste – a cor que simboliza seleção nacional –, os desafios da liga local e o ostracismo em competições internacionais de clubes refletem o desequilíbrio econômico do futebol moderno.
Em entrevista à Babel, Douglas Ceconello, jornalista que cobre o futebol sul-americano e escreve para o GE, e Juan Pablo Romero, editor do Ovación, editoria de esportes do El País do Uruguai, comentam sobre a cultura do esporte no país e os cenários da Celeste e dos clubes uruguaios.
Futebol como símbolo nacional
“O futebol desempenha um papel de destaque para a maioria dos uruguaios. Ele está associado à forma como somos e como o praticamos”, diz Romero. “Sem dúvida, somos um dos países do mundo que dá mais importância ao jogo, algo que é natural no Rio da Prata, como também acontece com o futebol argentino”.
A escola uruguaia, na visão de Ceconello, pode ser resumida em três aspectos: “Técnica, imposição física e cultura tática. Há, também, um senso de responsabilidade com o legado histórico da Celeste que parece ser inegociável”.
A paixão e o amor pela modalidade é tamanho que é comum vermos espetáculos das torcidas uruguaias nas canchas. Incansáveis e sem parar de cantar, é fácil se sentir pressionado com tamanha energia que vem das arquibancadas.
Em dia de superclássico uruguaio, entre Peñarol e Nacional, ou em decisões de Libertadores, a atmosfera no estádio é única. A festa da torcida se traduz em bandeirões com os símbolos do clubes, sinalizadores, fumaças coloridas, faixas e bandeiras que demonstram que a partida é especial.
Isso demonstra uma face da população do país, pondera o jornalista brasileiro: “É um povo cordial que revela seu lado mais intimidador quando o assunto é futebol, tanto dentro quanto fora de campo. No campo, se revela esse espírito de deixar tudo que for necessário”.
La garra charrúa, como é conhecida a entrega do país, faz referência aos nativos que ocupavam a região. A mentalidade é cultivada desde pequeno. Para o país não há jogo perdido.
Romero comenta que isto “tem a ver com a paixão com que vivemos o jogo e com a forma como o praticamos, indo forte a cada bola, jogando para nós e para os nossos companheiros. A garra nada mais é do que a atitude com que você defende seu time ou seleção. As coisas podem não dar certo, mas nunca faltará vontade”.
Celeiro de craques e o Baby Football
A cultura, paixão e mentalidade forte pelo futebol potencializou outro aspecto do país: a tradição de revelar craques e jogadores talentosos.
É intrigante que um país com poucos habitantes consiga revelar jogadores de ponta de forma constante ao longo de sua história. Uma das razões que explica isso é o contato das crianças com o esporte desde muito cedo, além de uma cultura que incentiva a paixão pelo esporte a nível nacional.
Para Romero, um ponto a ser destacado desse aspecto é o Baby Football, que ele descreve como um “fenômeno em que milhares de crianças competem de forma organizada”.
A modalidade lúdica é uma forma de competição com regulamento próprio e feito normalmente para crianças entre 6 e 13 anos, com adaptações esportivas para a capacidade das crianças. O objetivo principal é promover o desenvolvimento técnico, físico e social dos jovens atletas em um ambiente seguro e lúdico.
Anos atrás, estimativas apontavam para quase 600 clubes de Baby Football divididos em 62 ligas. A promoção do esporte a partir desta prática lúdica já é algo que faz parte da cultura e da tradição do país, com pais, mães e familiares apoiando os pequenos e fomentando a paixão pelo esporte, que vive em cada esquina e agremiações de bairro.
Com este contato e desenvolvimento precoce no esporte bretão, o país consegue superar a barreira demográfica – são apenas 3,5 milhões de habitantes, menos que na zona leste de São Paulo – e perceber talentos fora da curva desde muito cedo.
É comum ainda que olheiros dos clubes profissionais acompanhem os campeonatos infantis e mantenham contato com treinadores para que grandes potenciais não sejam perdidos.
Assim, ao atingir uma idade pré-adolescente, as crianças se encaminham para as bases dos clubes profissionais com uma ótima bagagem, algo que não ocorre comumente em outros países.
Assim, o resultado final não poderia ser diferente: surgimento de craques geracionais sendo constantes no país. Craques recentes como Luis Suárez, Edinson Cavani e Diego Forlán são ótimos exemplos de jogadores que começaram suas trajetórias esportivas no Baby Football.

Para Ceconello, o caráter formador é algo intrínseco ao país: “O futebol uruguaio historicamente é um celeiro de grandes jogadores, e não há porque duvidar que vá continuar sendo assim, mesmo que nos últimos anos esses atletas permaneçam cada vez menos no país”.
O saldo positivo deste cenário fica por conta da seleção nacional, que se mantém competitiva com jogadores atuando em ligas de ponta e com mais recursos. Por outro lado, a falta de poder econômico torna difícil a permanência destes talentos no futebol local, enfraquecendo-o de forma vertiginosa. Para Romero, a saída dos jogadores é influenciada sobretudo pelas cifras: “A diferença é abismal”.
O peso da Celeste no futebol
Mesmo com a pouca população, a paixão pelo futebol e a tradição formadora prevaleceu no lado oriental do Rio da Prata, o que deu origem a uma das mais tradicionais e bem-sucedidas seleções do mundo. Nas palavras de Ceconello, “ela é um emblema do futebol, desde sempre”.
Potência futebolística que ajudou a moldar a história do futebol mundial, a Celeste, na sua era de ouro, entre as décadas de 1920 e 1950, destacou-se de forma impressionante, conquistando dois títulos olímpicos consecutivos (1924 e 1928) e se tornando o primeiro campeão mundial da Fifa, ao vencer a Copa do Mundo de 1930 em Montevidéu.

Ser templo da primeira edição da maior competição esportiva do mundo é um enorme legado para o país, o que, aliado aos impressionantes feitos esportivos da época, estabeleceram o Uruguai como um dos grandes países do esporte, posto que ocupa até hoje.
O ápice dessa tradição ocorreu em 1950, com a lendária vitória sobre o Brasil, conhecida como “Maracanazo”, um momento que transcendeu o esporte e se tornou parte do imaginário coletivo do futebol mundial.
Na ocasião, os brasileiros estavam eufóricos com a possibilidade de serem campeões pela primeira vez. O sentimento otimista era endossado por jogarem em caso.
Mas os uruguaios tinham outros planos. Sem se dar por vencidos, de virada, Schiaffino e Ghiggia marcaram os gols que deram a vitória por 2 a 1 em cima dos brasileiros. O Maracanã, com quase 200 mil espectadores, foi calado por alguns poucos uruguaios.
A seleção uruguaia nunca mais voltou a vencer uma Copa do Mundo. A globalização do esporte e o aumento da competitividade em outras regiões dificultaram a manutenção do domínio celeste, que alcançou as semifinais da competição mais duas vezes no século 20, em 1954 e 1970.
Entre as décadas de 1970 e 2000, o Uruguai passou por altos e baixos competições internacionais, oscilando entre momentos de brilho esporádico e períodos de baixa performance.
A escassez de recursos e a perda de protagonismo no cenário internacional fizeram com que a seleção ficasse aquém das expectativas criadas pelo seu passado glorioso.
O Renascimento
Foi apenas no início do século 21 que o Uruguai começou a reconstruir sua identidade no futebol. A chegada de Óscar Tabárez como técnico, em 2006, marcou o início de uma revolução no futebol nacional.
Com uma visão de longo prazo, “El Maestro” focou na formação de novos talentos e no resgate da mentalidade aguerrida que sempre caracterizou o estilo uruguaio.
A campanha na Copa do Mundo de 2010 foi o ápice deste renascimento. A campanha deste mundial ficou marcada pelo recital de Diego Forlán, eleito o melhor jogador da competição, e por momentos lendários, como o gol que Suárez impediu com a mão contra Gana na fase eliminatórias. O episódio foi eternizado na história das copas do mundo e demonstrou o que é o espírito uruguaio de nunca se dar por vencido.
O lance ocorreu praticamente nos últimos minutos da prorrogação e culminou na expulsão de Luisito e na penalidade concedida à equipe africana, que desperdiçou a cobrança e viu Loco Abreu, fazendo jus ao apelido, converter o pênalti derradeiro das disputas de desempate com uma cavadinha.
Na África do Sul, o Uruguai alcançou a semifinal da competição, fase na qual caiu perante a Holanda em um jogo disputado e que terminou com o placar de 3 a 2 para os holandeses. Na visão de Ceconello, esta campanha “trouxe a seleção de volta para os holofotes, colocando uma roupagem moderna na mitologia celeste”.
Apenas dois jogos separaram a Celeste de conquistar o tricampeonato mundial. A icônica geração não parou naquele momento e um ano depois conquistou a Copa América de 2011.
A competitividade continuou como traço da seleção que alcançou as quartas de final nos dois próximos mundiais, com direito a despachar Cristiano Ronaldo, até então o melhor jogador do mundo, na edição de 2018.
A geração envelheceu, mas como é característica da Celeste, novos talentos começaram a surgir. “Havia uma grande preocupação com a renovação da seleção após a geração de Suárez, mas essa transição vem sendo bem-sucedida justamente porque o Uruguai parece um canteiro inesgotável de novos talentos”, comenta Ceconello.
Tabárez, que ocupou o cargo durante 15 anos e deu esperanças ao povo uruguaio, teve seu ciclo encerrado. Em 2023, Marcelo Bielsa foi o escolhido para conduzir a nova geração do país, que conta com talentos como Ronald Araújo, Federico Valverde, Darwin Núñez, que prometem manter a seleção em um ótimo nível de competitividade.

O começo de trabalho é animador, a seleção figura atualmente na segunda colocação nas eliminatórias para a Copa do Mundo e alcançou o terceiro lugar na Copa América de 2024, eliminando o Brasil no caminho.
Para Romero, o sonho de voltar ao topo do futebol mundial existe: “A seleção é diferente. Com ela se pode aspirar a algo grande. Lá podemos reunir os melhores”.
Desafios de organização e atratividade da liga local
E se a Celeste se mantém em alta, o mesmo não pode ser dito sobre o futebol de clubes do país. Segundo dados do transfermarkt, site especializado em valores financeiros relacionados ao futebol, a Liga Uruguaia vale atualmente 167,2 milhões de euros. Ela figura como apenas a 36ª mais valiosa do mundo, com competições de países de menor tradição no esporte, como a África do Sul, figurando à frente do Uruguai.
Em uma era em que o dinheiro e a globalização ditam os rumos e a hierarquia de poder no futebol, uma liga enfraquecida economicamente dificilmente conseguirá competir e conquistar resultados sólidos na esfera internacional.
Por sinal, falar de clubes uruguaios é quase sinônimo de falar do Carbonero e do Bolso, como Peñarol e Nacional são carinhosamente chamados por seus torcedores.
De acordo com Romero, a dupla concentra grande parte da torcida da população uruguaia, “o que faz com que o país fique amplamente dividido em dois”.
A grandeza dos dois é refletida na imensa galeria de troféus. No âmbito nacional, os clubes conquistaram 100 vezes o campeonato nacional, com o placar apontando 51 a 49 para o lado amarelo e preto de Montevideo.
Até 2023, o campeonato contou com 120 edições, o que leva ao assustador número de 83% dos títulos terminarem com os dois maiores clubes do país.
Clubes como Defensor e Danúbio disputam o posto de terceira força do país, mas com uma distância muito grande frente aos outros dois.
A falta de competitividade local é algo que tende a enfraquecer a liga, mas é algo que parece longe de ser mudado, afinal a história e grandeza dos eternos rivais clubes pesam muito. Em dia de clássico é possível sentir a tensão no ar, é um momento que movimenta todo o país.
Cecconello reflete sobre essa questão: “O futebol uruguaio é, basicamente, dividido em duas forças, no caso Peñarol e Nacional. É para eles que convergem as atenções e, logo, os investimentos. Então, é muito difícil de cogitar que outros clubes se fortaleçam”.
Apesar disso, o futebol nunca vai deixar de surpreender. O Liverpool, contra todas as expectativas, sagrou-se campeão uruguaio em 2023, quebrando a hegemonia da dupla que vinha desde a temporada 2014/15.
A falta de modernização e infraestrutura é outro fator que se mostra como entrave para o desenvolvimento esportivo. No segundo semestre de 2022, Luis Suárez retornou ao Nacional, clube que o revelou para o mundo.
À época, vídeos do astro em estádios de instalações modestas viralizaram nas redes sociais e chamaram a atenção do público para algo que aparenta ser característica do esporte no país: a falta de modernização.
Cecconello analisa que, apesar desse entrave da manutenção de um espírito amador, essa é justamente uma característica única e que representa o país: “Talvez o maior problema do futebol uruguaio é justamente ele ser muito parecido com o que era décadas atrás. Há a impressão de que os clubes pararam no tempo. Mas, por outro lado, é exatamente esse aspecto que torna o futebol charrua admirado: um apego ao amadorismo, uma recusa em se modernizar”.
Romero, no entanto, defende a ideia de que é possível se atualizar sem perder a essência: “Creio que é possível manter a identidade e ao mesmo tempo modernizar o jogo. Acredito que a chegada de Marcelo Bielsa está ajudando para que esta “modernização” de fato aconteça”.
Assim, as características clássicas da liga uruguaia como a supremacia dos dois maiores clubes e o ar bairrista do campeonato, apesar de darem uma aura especial ao país, atrapalham a competitividade do país em campeonatos continentais.
Clubes no ostracismo continental
Quando falamos do desempenho dos clubes uruguaios nas competições internacionais, é fato que sobra tradição e respeito aos dois gigantes do país. Sempre que um clube brasileiro acaba cruzando o caminho deles, é comum ouvirmos frases como “é um time tradicional” ou “tem que tomar cuidado”.
O Peñarol possui cinco conquistas de Copa Libertadores em dez finais, enquanto o Nacional sagrou-se campeão em três oportunidades, alcançando seis finais no total.

Os dois clubes também partilham, ao lado do Boca Juniors e do São Paulo, o posto de maiores campeões mundiais do continente, com três taças em suas galerias. Ambos também são os clubes com mais participações no principal torneio da competição, principalmente pela baixa competitividade no campeonato nacional.
História e tradição são duas coisas que jamais serão apagadas. Contudo, apesar do respeito que estes clubes impõem no continente, o futebol uruguaio amarga um jejum de 36 anos sem título na Libertadores, e na Sul-Americana o país nunca contou com um representante em uma final.
A primeira razão para isso é obviamente econômica. A partir dos anos 90, o futebol mudou muito no que diz respeito a investimentos, o que levou a uma maior influência de questões financeiras na competitividade. Assim, o pequeno país não consegue competir economicamente com as potências do continente, sobretudo o Brasil.
Ceconello avalia que este é um fator que pesa e que dificilmente será revertido em um futuro próximo: “Nos momentos mais decisivos o abismo financeiro, especialmente em relação aos clubes brasileiros, torna-se quase incontornável. E não é uma questão de organização, pois tanto no Uruguai como em outros países do continente existem clubes com excelentes projetos, mas, quando as competições afunilam, vence quem tem mais dinheiro”.
A opinião é partilhada por Romero, para o editor: “É difícil competir, principalmente pelo poder econômico que as equipes brasileiras possuem. Os jovens vão embora assim que começam a brilhar e chegam jogadores acima de 33 anos para terminarem suas carreiras. É difícil equipes uruguaias, mesmo Peñarol e Nacional, incorporarem jogadores em seu auge no elenco. Contratações como Alcaraz e Almada, realizadas por Flamengo e Botafogo, respectivamente, são impensáveis para a realidade uruguaia”.
A falta de recursos financeiros na era da globalização do futebol não influencia apenas na montagem de elencos competitivos. A questão da estrutura é algo fundamental para um projeto esportivo de clubes. Sem grandes investimentos, essa condição é algo fora da realidade para grande parte dos clubes uruguaios.
Nesse sentido, chamou a atenção recentemente a reforma no centro de treinamento do Montevideo City Torque, com auxílio financeiro do grupo City, empresa que possui controle de várias times ao redor do mundo, com o principal sendo o poderoso Manchester City.
Mas isso foi uma exceção à regra. Muitos clubes sobrevivem basicamente a partir das comunidades locais, da bilheteria dos jogos e de vendas de promessas, o que não é nada animador frente a países vizinhos como o próprio Brasil, onde desde de 2021, por exemplo, foi possibilitado a criação das Sociedades Anônimas de Futebol, o que abriu a chance de milionários viraram donos de times e injetarem dinheiro como investimento.
Campanhas que reacenderam a esperança
É preciso destacar que, apesar do período de limbo que o país se encontra na Libertadores, houve campanhas de destaque que deram esperanças ao país voltar ao topo do continente. Em quatro oportunidades, clubes uruguaios alcançaram as semifinais da competição.
A primeira delas ocorreu em 2009, quando o Nacional alcançou a semifinal, mas acabou por ser eliminado frente ao Estudiantes do craque Juan Verón, que se sagraria campeão ao término da competição.
Dois anos depois, foi a vez do rival carbonero fazer história ao se tornar finalista da competição. O feito não acontecia desde 1987. Entretanto, o clube não foi capaz de conter o Santos de Neymar e amargou o vice-campeonato.
Pouco tempo depois, a surpresa da Libertadores de 2014 ficou por conta da campanha do Defensor, que alcançou a semifinal do torneio.
O feito chamou a atenção pelo fato do modesto clube alcançar uma fase tão alta, sendo apenas a segunda vez na história que um clube uruguaio, fora os dois gigantes, chegasse tão longe. A primeira ocorreu com o Danubio, em 1989, durante a boa fase do país na competição.
Por fim, em 2024, o Peñarol voltou a figurar com uma força do continente. O clube alcançou a semifinal, com direito a eliminar o Flamengo, elenco mais caro e valioso do continente. Entretanto, a equipe não foi capaz de conter o Botafogo na semifinal e acabou eliminada com um duro revés de 5×0 no Rio de Janeiro.
Estas campanhas mostram que a tradição ainda tem seu peso. Contudo, para voltar a brigar pelo título da Libertadores, é imperativo que os clubes uruguaios encontrem maneiras de se modernizar financeiramente e estruturalmente.
O desafio, no entanto, é abraçar a mudança sem perder a essência do futebol uruguaio, que sempre se caracterizou pela paixão e pelo orgulho de suas origens.