A doença da dúvida

“- São tartarugas até lá embaixo – repeti.

– São só umas tartarugas ridículas até lá embaixo, Holmes. Você está tentando encontrar a primeira tartaruga, mas não é assim que funciona.

– Porque são tartarugas até lá embaixo – repito uma segunda vez, sentindo uma espécie de revelação espiritual”

O trecho acima é do livro Tartarugas Até Lá Embaixo, do autor John Green. Essa é uma das muitas definições apresentadas pelo autor para o Transtorno Obsessivo-Compulsivo, o TOC, do qual ele também sofre, no decorrer da história de Aza Holmes, uma menina de 16 anos que entra numa busca por um milionário local com a sua melhor amiga.

Apesar de tratar desse mistério, o que chama a atenção na trama é o realismo do sofrimento de Aza, algo difícil de se ver na cultura pop, que costuma traduzir o TOC como mania de limpeza ou perfeccionismo. Green, como alguém que sente na pele o que é o transtorno, nunca quis que sua personagem fosse assim. Ela não é o Sheldon (The Big Bang Theory) nem a Monica (Friends). Por estarmos dentro de sua cabeça, vemos o porquê de “obsessivo” vir antes de “compulsivo” na alcunha da doença. O grande sofrimento de quem tem TOC são os pensamentos intrusivos. Essa espiral que vai ficando cada vez mais funda até você se perder de si mesmo e não saber mais o que é real. 

O próprio autor conta em um vídeo no seu canal do Youtube que, para ele, é como se “pensamentos que vêm de fora de mim sequestrassem a minha consciência”. Ou seja, o Transtorno Obsessivo-Compulsivo se manifesta em forma de pensamentos repetitivos e até ilógicos muitas vezes, dos quais você não consegue se livrar, em uma espiral sem fim. É sempre uma tartaruga embaixo de outra.

A metáfora que ele usa vem de uma anedota famosa no mundo científico, explicada no livro Uma Breve História do Tempo, de Stephen Hawking. Em uma palestra sobre astronomia, um cientista estava explicando a origem dos planetas e do Universo até que uma senhora se levanta da plateia e diz: “O que você disse é besteira. Na verdade, o mundo é um prato achatado apoiado no dorso de uma tartaruga gigante”. Nisso, o cientista pergunta em que a tal tartaruga estaria apoiada e a senhora explica: “Em outra tartaruga. Uma tartaruga abaixo da outra. Há tartarugas até lá embaixo”.

Intrusão de incertezas

De acordo com o psicólogo e professor do Instituto de Psicologia (IP) da USP, Paulo Beer, obsessão é o que se dá no plano do pensamento e compulsão é a manifestação física. Um exemplo bastante comum é o de lavar as mãos. A obsessão é o pensamento de a pessoa poder estar infectada com algum vírus ou estar suja. Um pensamento intrusivo, sem controle, persistente. Nesse caso, a compulsão recai em lavar as mãos.

“Uma obsessão seria uma ideia, um pensamento, alguma coisa que entra na cabeça, que invade. Ela tem essa característica de invasão. Ela traz esse sentimento de descontrole, como se o sujeito não conseguisse controlar a permanência e a aparição dessas ideias na cabeça dele e, em geral, são ideias muito ruins,” ressalta Beer.

John Green diz no mesmo vídeo que suas compulsões vem de uma necessidade de lidar com as obsessões, ou seja, ele checa sua comida por envenenamento para mostrar a si mesmo que ela não está envenenada. São formas de aplacar a espiral de pensamentos. O problema é que esses atos viram hábitos para acalmar ideias constantes e perturbadoras, que prejudicam muito a vida de quem tem TOC.

O jornalista Ricardo das Neves* relata que começou a perceber os primeiros sintomas em 1993, quando ainda estava na 5ª série da escola. “Um dos meus primeiros sintomas foi o medo de ter subornado alguém para passar de ano. Foi na época do escândalo do Collor. Eu vi aquilo de corrupção e, por ter a autoestima muito baixa, comecei a me questionar se não tinha subornado alguém”, diz ele. “O TOC é a doença da dúvida. As dúvidas obsessivas causam um imenso mal estar e são repetitivas, você nunca consegue ter certeza.”

Porém, com o tempo, seus sintomas mudaram e, hoje, seus pensamentos obsessivos giram em torno do seu cachorro de estimação. “Atualmente meu TOC é com o meu cãozinho. Eu tenho muito medo de fazer algo com ele e esse pensamento invade minha mente contra a minha vontade. Por exemplo, eu tiro fotos do meu cachorro para ter certeza de que dei comida para ele,” conta Ricardo.

O jornalista ainda diz que o TOC atrapalhou muito seus relacionamentos amorosos. Ele ficava muito angustiado sobre a possibilidade de ter traído a namorada e ficava se questionando sobre isso.

O mesmo acontece com Larissa Guilherme Cunha. A desenvolvedora de sistemas relata que começou a tratar o que pensava ser ansiedade há 4 anos, mas só há 1 ano e 8 meses confirmou o diagnóstico de Transtorno Obsessivo-Compulsivo. “Eu senti que precisava ir atrás de um diagnóstico quando os sintomas psicológicos se tornaram muito intensos a ponto de eu sentir que ia perder o controle. Eu achava que tinha alguma coisa errada com a minha cabeça por pensar coisas tão ruins.”

Ela conta que o medo de ter traído a namorada quase acabou com o relacionamento, porque precisava externalizar os sentimentos, o que não foi fácil. “Eu saía sozinha para tomar um café e voltava para casa. De repente, uma voz na minha cabeça dizia: ‘E se você puxou assunto com alguém no café? Sua namorada não estava lá. E se você conheceu alguém nesse tempo e a traiu?’,” exemplifica.

“O problema é que esse diálogo interno podia durar horas e dias. Esse pensamento tentando me convencer de que, de alguma forma, eu teria feito alguma coisa errada. Com o passar das horas, minha própria memória ficava confusa e eu já não tinha certeza do que tinha feito. E não é exatamente fácil para a sua parceira ouvir ‘eu não sei se te traí’.”

Larissa explica que começou a desenvolver compulsões para lidar com esse tipo de pensamento, como cronometrar o tempo de cada ato que fazia no tal café para ver se condizia com o tempo que havia passado lá. “Eu sempre achava que estava fazendo coisas erradas e era como se uma voz na minha cabeça reforçasse esses pensamentos até que eu mesma passasse a acreditar neles,” diz ela.

Para Amanda Teixeira*, viver com o transtorno é um sofrimento constante. “É a coisa mais horrível que existe viver com TOC. Você ter pensamentos intrusivos, imaginar fazendo mal para alguém e depois ficar na dúvida se foi apenas pensamento ou pode ter sido realidade. Dá um desespero, um sentimento de culpa muito grande”, conta ela.

Sobre essa dúvida constante, o autor John Green traz um questionamento que o assusta quando entra nessas espirais de pensamentos obsessivos: “Se eu não consigo controlar meus pensamentos e se eu sou, mesmo que em parte, o que penso, será que eu realmente estou no comando desse navio que chamo de eu?”

Rituais de compulsão

Muito do que se conhece do TOC pelo senso comum é atribuído às compulsões. Lavar as mãos várias vezes, contar antes de apagar a luz, verificar se desligou o fogão etc. Existem milhares de compulsões diferentes e elas variam muito de pessoa para pessoa, mas o ponto comum entre elas é que atrapalham e muito a vida de quem tem TOC.

A estudante Clara Ferreira*, de 17 anos, conta que já passou por diversas compulsões diferentes desde que começou a desenvolver os sintomas aos 7 anos. “Eu tenho TOC desde a infância, quando eu lavava a mão excessivamente. Depois, começou o que eu chamo de ‘TOC do pé’, em que eu precisava bater o pé direito 9 vezes antes de dormir. Caso eu achasse que bati errado, eu ia para o próximo múltiplo de 3”, diz ela.

Clara diz que, no início, seus pais não entendiam e chegavam a ficar bravos com os comportamentos repetitivos. “Ficavam bravos comigo por eu encharcar a toalha. Algumas vezes, o meu pai ficou na porta do quarto fazendo eu ir deitar direito, eu não conseguia dormir e esperava ele dormir para poder bater o pé.” Ela conta que suas compulsões provinham de um pensamento obsessivo de que, se ela não batesse o pé ou lavasse as mãos, seus pais morreriam. “Eu achava que era o demônio que estava fazendo esse ‘jogo’ comigo, que, se não fizesse isso, ele ia matar meus pais”, explica.

Algum tempo depois, em 2016, seu pai faleceu e seu TOC piorou muito. Clara relata que, quando ela e a mãe se mudaram para um novo apartamento, ela ficava “regulando os passos”, como se estivesse “andando errado”. Além disso, ela sente a necessidade de encostar os calcanhares em locais específicos da casa, como forma de aplacar a obsessão. 

“E ano passado minha vida se tornou um inferno. Eu tomava dois banhos por dia, cada um de 1h30. É extremamente cansativo. Eu achava que tinha que estar limpa para estudar, então eu raramente estudava, porque não me sentia limpa para tocar meu material escolar e porque eu passava boa parte do dia realizando rituais.”

Já Silvana Melo* explica que sente a necessidade de contar e repetir quase tudo o que faz. “Além de repetir tudo o que faço, eu conto também o dia todo. Tudo que eu faço tenho que repetir por 4 vezes.” Fora isso, ela também tem TOC com limpeza e precisa lavar as mãos constantemente e limpar a casa com álcool. Tudo isso bem antes das recomendações em relação à pandemia do novo coronavírus. 

“Viver com TOC é muito ruim. Eu deixo muitas coisas sem fazer por achar que, se eu fizer coisas bobas, algo ruim vai acontecer, como se alguém que eu amo fosse morrer,” conta ela.

Para Ana Paula Domingues, seus rituais são centrados na religião desde que tinha 10 anos. “Um dos meus comportamentos de criança era orar um pai nosso cada vez que vinha um pensamento de que pudesse acontecer algo com a minha família. Em seguida, precisava lavar as mãos,” conta.

Ela diz que procurou diagnóstico quando seu filho nasceu, 17 anos atrás, porque as pessoas em seu entorno não consideravam normal o fato de ela dar banho no bebê depois de cada visita. Foi então que descobriu que tinha TOC e começou o tratamento. Além desse transtorno, ela também sofre de síndrome do pânico. Ana Paula também conta que tem um ritual quando acorda que não pode ser interrompido. “Faço as mesmas coisas quando me levanto e, se alguém me incomodar, me tirar desse ritual, passo o dia inteiro com medo de acontecer algo. Meu filho e meu marido já sabem, me deixam à vontade.”

Apesar de ser casada atualmente, ela diz que o TOC já atrapalhou muito seus relacionamentos na adolescência, por conta da higiene e limpeza. “Meu primeiro beijo foi aos 17 anos. Foi no estacionamento do shopping e eu não prestava atenção ou não curti o momento de prazer. Eu ficava tentando sentir o cheiro daquele rapaz e vinham os pensamentos: ‘Será que ele não tem HIV ou alguma outra doença?’. Quando cheguei em casa, fui diretamente tomar banho e escovar os dentes”, explica.

O mesmo acontece com a estudante Thainã Rodrigues. Mesmo sem ter tido relações sexuais, ela já realizou vários exames por conta de pensamentos obsessivos sobre doenças sexualmente transmissíveis. “Eu comecei a fazer vários exames. Ginecologista, dentista, porque tudo que aparecia na minha boca eu achava que era DST. Testes rápidos fiz inúmeros. Isso sem nunca ter transado. Eu cheguei a cogitar a ideia de que um amigo teria me estuprado e me passado a doença”, conta.

Thainã explica que seus sintomas começaram a aparecer quando o pai e a amiga foram internados e ela passou a conviver com eles no hospital. No início, o medo era de que eles se contaminassem, mas isso foi transferido para ela, que começou a lavar muito as mãos e higienizar tudo a sua volta. Apesar de só perceber os sintomas com 19 anos, ela diz que já os apresentava de maneira mais branda desde a infância.

Discordância científica

De acordo com o Dr. Paulo Beer, não há consenso na área médica sobre o surgimento do Transtorno Obsessivo-Compulsivo. Ele conta que existem duas vertentes principais: a psicanálise, da qual faz parte, e a psiquiatria hegemônica. Elas discordam em relação à origem dos sintomas, à abordagem e ao tratamento. 

“O Transtorno Obsessivo-Compulsivo é apresentado hoje em dia pela psiquiatria hegemônica, que é uma psiquiatria muito calcada no horizonte biológico, e tem algumas diferenças em relação ao modo que a psicanálise entende [o TOC],” diz Beer. 

Ele ainda ressalta que até o nome do transtorno foi cunhado para padronizar o diagnóstico a partir dos anos 80 e substituir a categoria de “neurose obsessiva”, que vinha da psicanálise. “É uma inscrição que, de alguma maneira, acaba trazendo uma série de problemas, porque acaba naturalizando esses sintomas, como se eles, de fato, fossem iguais e não fossem determinados culturalmente,” explica.

Para Paulo, essa padronização dos sintomas pela psiquiatria hegemônica é bastante prejudicial, porque tira de foco a origem e a causa deles. Já a psicanálise enxerga que o indivíduo pode ter uma “neurose obsessiva” desde a infância, com sintomas brandos, mas que se desenvolvem para obsessões e compulsões durante a vida.

Essa vertente ainda defende que os fatores ambientes e as características pessoais não podem ser dissociadas na hora de se investigar a origem dos sintomas. “A psicanálise vai trabalhar com essa ideia de que as coisas nunca estão separadas. Quer dizer, os fatores ambientais da história do sujeito, o lugar onde ele vive, as experiências que ele tem. Elas fazem parte do desenvolvimento do que a gente chama de personalidade.”

“O ambiente é inseparável do desenvolvimento do psiquismo em si. Então é sempre uma conjunção”, completa ele. Isso é facilmente percebido nas histórias contadas por quem tem TOC. Thainã desenvolveu os sintomas quando o pai e amiga ficaram internados no hospital. Silvana começou a percebê-los aos 12 anos com pensamentos intrusivos e manias de repetição. Rafael Artigas, estudante de Letras, tem sua primeira lembrança de TOC aos 10 anos, mas seus sintomas se tornaram mais severos por volta dos 16, com situações de estresse intenso. Clara tem obsessões e compulsões desde criança, mas pioraram quando o pai faleceu em 2016. Os relatos continuam, quase todos associando a piora dos sintomas com situações estressoras de gatilho emocional.

Preconceito

Apesar de ser uma doença mental séria, justamente por se manifestar na mente de quem vive com ela, é bem comum que essas pessoas sofram preconceitos, constrangimentos e hostilidades. Ricardo conta que um de seus chefes já o discriminou por conta do transtorno. “Eu estava tomando ansiolítico direto, por isso falava mais devagar. Aí meu chefe, que sabia que eu tinha TOC, pediu que minha psiquiatra me desse um atestado de sanidade mental”, conta.

E ele não é o único. Thainã diz que também foi vítima de preconceito, mas na universidade. “Eu vivo ansiosa por causa do TOC e já cheguei a ter crises na faculdade. Ouvi coisas do tipo ‘tá fazendo isso para ganhar nota’.” Ela também conta uma situação em que passou por uma dessas crises durante uma prova e foi liberada pelo professor para fazer uma atividade por email para compensar a nota. Porém, uma de suas colegas entrou em contato com o professor e disse que Thainã estava mentindo. Com isso, ela acabou indo para a 

recuperação.

Clara Ferreira também relata situações de discriminação em sala de aula em que as colegas riam e faziam piadas por ela lavar as mãos com frequência e não encostar nas maçanetas das portas. Fora isso, era comum que outros alunos mexessem em seu material escolar para perturbá-la. Clara teve que mudar de sala por conta das ações discriminatórias de seus colegas.

Para o estudante de Letras Rafael, essas situações se devem muito à representação do Transtorno Obsessivo-Compulsivo pela mídia em filmes e séries. “O que eu percebo é a incompreensão das pessoas do que realmente é o TOC, aliada a uma imagem caricata disseminada na mídia. Tem um filme da Tatá Werneck que passa uma imagem deplorável da doença, quase como se fosse legal ter TOC,” explica.

A desenvolvedora de sistemas Larissa Guilherme também cita a falta de conhecimento como um grande problema para que a população geral entenda o transtorno. “É fácil se deparar na internet com fotos que exaltam a organização de uma mesa milimetricamente arrumada e com tons combinando com a legenda ‘meu TOC agradece’. As pessoas falam do TOC como se fosse um capricho de organização. Isso é completamente distorcido.”

Vivendo com TOC

Por ser uma doença mental crônica, o Transtorno Obsessivo-Compulsivo não tem cura, mas o psiquiatra Paulo Beer ressalta que existem diferentes formas de lidar com ele. “A psiquiatria hegemônica trabalha muito com remédios e, em geral, indica-se muito terapia que incide diretamente nos sintomas”, explica. Porém, ele comenta que existem problemas com essa abordagem. “Os sintomas são como se fossem só a ponta do iceberg e o que a gente vê muitas vezes é que, quando você só foca nos sintomas em si, eles se deslocam, outro tipo de sintoma aparece no lugar.”

Por isso, ele recomenda o tratamento da psicanálise, baseado na teoria de Sigmund Freud sobre como a mente humana é intrinsecamente marcada por conflitos. “O psiquismo como um todo é sempre marcado por conflitos, independentemente da cultura, dos fatores ambientais. O tratamento psicanalítico passa por uma exploração dessa via, algo que vá no sentido de trabalhar com a causa desses sintomas”, ressalta. Para essa vertente, os pensamentos obsessivos e comportamentos compulsivos são maneiras de expressar outro conflito, sobre o qual o indivíduo não consegue falar por ser intenso demais.

“Então, ele não é um tratamento que foca diretamente nos sintomas, mas nessa dimensão conflitiva como um todo e o que a gente vê é que, tratando isso, abrindo essa via de poder falar sobre essas coisas, os sintomas perdem a força e às vezes até somem, mas principalmente a relação do sujeito com aqueles sintomas vai mudando no decorrer do tratamento,” completa Beer.

O TOC é uma doença que consome muito do indivíduo e, por isso, é tão importante procurar ajuda e tratamento, seja ele através de medicamentos ou da via psicanalítica. Também é essencial encontrar uma rede de apoio com pessoas de confiança para ajudarem a tornar o cotidiano menos estressante. Além disso, se cercar de pessoas compreensivas e dispostas a ajudar pode evitar o surgimento de outras doenças mentais, como ansiedade, depressão e até diminuir o risco de suicídio. 

Se você estiver sofrendo com Transtorno Obsessivo-Compulsivo ou quaisquer outros distúrbios mentais, não hesite em ligar para o Centro de Valorização da Vida, no número 188. É possível conviver com uma doença mental. Sua vida importa.

*Alguns nomes desta matéria foram alterados a pedido dos entrevistados.

Por Maria Carolina Soares
mcarolinasoares@usp.br