Desafios do ensino remoto na pandemia

Adaptações repentinas, desigualdade de acesso a tecnologias e configurações adversas de lares dificultam aprendizagem longe da sala de aula 

Uma das principais medidas para conter o avanço do novo coronavírus foi a suspensão de aulas em escolas e universidades. No Brasil, antes da pandemia, a educação a distância só estava autorizada para o ensino superior (de maneira completa ou até 40% dos cursos presenciais) e uma parte do ensino médio (até 30% da carga horária do período noturno e 20% do diurno). A legislação brasileira atual não permite que a educação infantil e o ensino fundamental sejam feitos por EAD. Porém, diante da emergência de saúde pública e da situação atípica na educação, diversas flexibilizações foram adotadas para que os alunos pudessem dar prosseguimento às aulas de maneira remota. 

O Ministério da Educação (MEC), por exemplo, autorizou pela portaria Nº 343, de 17 de março, que as classes presenciais fossem substituídas por meio digitais em universidades federais e nas instituições privadas de ensino superior. No estado de São Paulo, o governador João Doria determinou a suspensão total das aulas nas escolas públicas e privadas a partir do dia 23 de março. O Conselho Estadual de Educação, por sua vez, liberou que as atividades virtuais pudessem ser contabilizadas para o cálculo do ano letivo. 

Com isso, colégios particulares se desdobraram para implementar uma estratégia online – muitas vezes aproveitando plataformas que antes tinham disponíveis como suporte ao presencial. Para eles, a adaptação repentina por causa da pandemia do coronavírus chegou a ser realizada em apenas dias. Com menos estrutura e maior dificuldade de acesso à tecnologia, a rede estadual precisou adiantar as férias escolares de julho para ganhar tempo de desenvolver um aplicativo próprio. 

Contudo, Renato Casagrande, especialista em gestão educacional e presidente do Instituto Casagrande, ressalta que as aulas que estão sendo ministradas, neste momento, por meios digitais devem ser chamadas de “ensino remoto” não de educação a distância. “Estamos pegando o modelo da educação presencial e fazendo chegar até a casa do aluno”, explica. Enquanto isso, a EAD é uma expressão que faz referência a uma metodologia pedagógica já regulamentada e desenvolvida no Brasil, sobretudo para o ensino superior.   

Estratégias adotadas

Com 3,5 milhões de estudantes, foi só no dia 27 de abril que as aulas na rede estadual de São Paulo foram retomadas. A estratégia da Secretaria da Educação tem como base o app Centro de Mídias (CMSP) e os canais TV Educação e TV Univesp, além de material impresso complementar entregue aos alunos. Em entrevista ao jornal O Estado de S.Paulo, o secretário Rossieli Soares explica que o plano foi desenhado visando a atingir o maior número possível de alunos. Como 94% dos lares têm um smartphone – e apenas cerca de 35% têm um computador, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) –, a Secretaria optou por desenvolver um aplicativo para celular. Porém, a internet é a grande barreira de acesso para muitas famílias, e por isso os dados móveis estão sendo patrocinados pelo estado. A programação das aulas para os diferentes anos também pode ser assistida nos canais digitais da TV Cultura. 

Estúdio do Centro de Mídias SP por onde as aulas são transmitidas. Foto: André Nery/Seduc-SP

Quando Ademir Almagro ligou o microfone da chamada em vídeo, mais parecia um locutor de rádio falando. Professor de história na rede estadual há 29 anos, ele conta que seu papel mudou muito com a pandemia. Como as aulas são padronizadas e transmitidas pelo estúdio do Centro de Mídias, a função dele agora é criar roteiros de estudo e questionários para os alunos de sua escola, numa tentativa de aprofundar o conteúdo e ajudar com possíveis dúvidas. Só que Ademir queria mesmo era estar dando aula. Quando abriram as inscrições para ser professor pelo aplicativo, ele se candidatou mas foi recusado por um impeditivo geográfico. Ademir mora em Novo Horizonte e só docentes da cidade de São Paulo foram escolhidos. “Tinha sido aberto a todos”, explica. “Acabaram alimentando uma falsa esperança”, diz em tom reticente. 

A Secretaria também disponibilizou, no aplicativo do Centro de Mídias, um chat para que os alunos pudessem fazer perguntas aos professores do estúdio. Entretanto, Ademir esclarece que ele acabou não funcionando e que foi desativado. “Era uma loucura, uns 300 mil estudantes interagindo ao mesmo tempo”, ele diz. Segundo Ademir, também apareciam muitas mensagens inapropriadas e desrespeitosas, que refletem uma certa perda de seriedade na educação pública. “Lógico que tinha alunos interessados que faziam perguntas coerentes, mas tinha muita zueira”, resume. 

Mas Ademir lamenta sobretudo a falta de um contato direto e institucionalizado com seus alunos. Para tirar as dúvidas daqueles que o procuram, conta que utiliza redes sociais como Whatsapp e Facebook. “É muita informação e confusão, nós precisávamos de algo mais organizado”, desabafa. Para ele, a Secretaria acertou neste primeiro momento emergencial, disponibilizando aulas padronizadas pelo Centro de Mídias a um grande número de estudantes. Porém, como Ademir também é professor da rede privada, consegue fazer o comparativo com outras estratégias possíveis de sala de aula virtual.

No caso das escolas particulares, existem duas principais estratégias de ensino remoto. No colégio Bandeirantes, por exemplo, videoaulas e power points comentados são disponibilizados na plataforma Moodle, que já era utilizada antes da pandemia apenas como um suporte ao presencial. Além disso, agora os alunos têm diversas formas de contatar os professores: plantões de dúvida por chamada em vídeo, fóruns de postagem ou e-mails individualizados. 

Já no colégio sócio construtivista Vera Cruz, a opção foi por fazer aulas “ao vivo” com os estudantes. “Tivemos uma semana para tomar a decisão de que nos tornaríamos uma escola virtual, foi tudo muito rápido”, conta a professora de química Rosana Rocca. Cerca de três anos atrás, o colégio já havia comprado licenças do Office 365 (da Microsoft) para seus alunos e professores, mas seu uso ainda não era amplamente difundido. Como nele está incluso o aplicativo Teams – que possibilita troca de mensagens e chamadas em vídeo –, ele foi escolhido como instrumento principal do ensino remoto. “Foi assim que nos lançamos nessa aventura”, lembra Rosana. 

Durante a pandemia, chamadas de vídeo se tornaram comum no ensino remoto. Arte: Alexandra Koch/Pixabay

A grande questão para eles foi como adaptar a rotina para o meio virtual. Antes, a carga horária – das 7h15 às 13h15 – era composta por cinco aulas de 65 minutos e três intervalos. “Chegamos à conclusão de que ninguém aguentaria cinco aulas online, nem professor nem aluno”, brinca Rosana. Para que fosse menos cansativo e para um melhor aproveitamento do tempo, optaram por duas aulas de 2h por dia. Assim, cada matéria ficou com um encontro semanal com os estudantes. “Mas colocamos tudo no ar contando que cada um tinha seu computador, sua internet e condições de fazer essa escola virtual em casa”, pondera. 

Essa estratégia de aulas ao vivo também foi adotada por universidades. A Fundação Getúlio Vargas, por exemplo, optou pelo Zoom – plataforma de chamadas em vídeo. A FGV comprou uma conta ilimitada para cada um de seus docentes. Gabriela Lotta, professora de Administração Pública, conta que a faculdade disponibilizou treinamento online e promoveu discussões para a reorganização dos cursos. “Eu me senti muito segura com o processo, foi bastante assertivo”, diz. Casada com um professor da UFABC, ela compara que um dos problemas enfrentados pelo cônjuge foi que sua universidade não comprou nenhuma ferramenta. Lá, os docentes tiveram que encontrar maneiras gratuitas de ministrarem suas aulas, porque não houve um padrão pré determinado. 

No caso da FGV, as aulas estão seguindo o mesmo calendário e horário do presencial, mas Gabriela confessa que nem sempre funciona perfeitamente. Na classe das 13h às 17h, por exemplo, seus alunos costumam pedir um intervalo de meia hora, porque, em casa, às vezes não conseguem almoçar antes do início da mesma. Além disso, a própria Gabriela precisa conciliar sua rotina com a do filho de oito anos, que também está tendo aulas online. 

Nem tudo pode ser remoto

Não são todos os cursos superiores, porém, que se adaptaram de maneira total ao ensino remoto. Vanuza Souza estuda Odontologia na Unesp de Araçatuba, que teve as aulas suspensas a partir do dia 17 de março. “Nós achávamos que duraria umas duas ou três semanas, naquela época ninguém tinha muita noção do que aconteceria”, diz. Por estar em um curso da área da saúde, houve uma resistência maior para que o ensino remoto fosse implementado. As disciplinas foram retomadas no mês de abril pelo Google Meeting – ferramenta de chamadas em vídeo –, mas apenas o conteúdo teórico é ministrado. 

Para isso, o calendário da graduação precisou ser reorganizado. “Tudo que não tinha parte prática em laboratório ou clínica está sendo dado agora”, conta a aluna. Para Vanuza, essa estratégia é sustentável por um tempo, porque não será possível adiar indefinidamente a parte prática das matérias. “Um exemplo é histologia, que o estudo é com lâminas e precisamos do microscópio para ver, só que agora não é possível”, diz. Tanto ela quanto seus colegas compartilham uma preocupação: a incerteza de quando será a volta das aulas presenciais. 

Segundo Vanuza, a qualidade das classes virtuais varia muito entre as disciplinas. Em anatomia, por exemplo, sua turma não estava tendo chamadas em vídeo com o professor, apenas recebendo roteiros de estudo por email, com indicações de capítulos para ler. Depois de reclamações dos alunos – que não sabiam nem como sanar as dúvidas da matéria –, eles agora estão tendo aulas online. Porém, Vanuza acredita que elas não estão sendo muito produtivas, porque os conteúdos são muito pesados e estão sendo ministrados de maneira resumida. “Literalmente, é só para cumprir tabela”, afirma. Por outro lado, em embriologia, Vanuza diz que o professor está se dedicando ao máximo para que os alunos acompanhem a matéria. 

Mesmo com as diferenças entre as aulas deste semestre, Vanuza diz que não está tendo grandes dificuldades com sua aprendizagem. Ela está estudando por conta própria com os PDFs de livros que foram disponibilizados, na pandemia, pela biblioteca da universidade. “Se eu tenho alguma dúvida, eu entro em contato com os professores ou pesquiso em sites, livros e PDFs”, diz. O maior problema para a estudante é a falta de espaço adequado para estudar. 

Em Araçatuba, Vanuza tinha seu próprio quarto no apartamento que morava com duas amigas. De volta à casa dos pais em Guarulhos, tem que dividir um com a irmã mais nova e diz ter problemas com a falta de silêncio. “Acabo estudando na cozinha porque é onde tem uma mesa maior”, conta. Na época de preparação para o vestibular, Vanuza só estudava no cursinho porque não conseguia se concentrar em casa. “Agora é obrigatório, me dando bem ou não, tenho que estudar aqui”, diz. Em sua rua, há ainda duas fábricas com muita entrada e saída de caminhões, o que também aumenta o barulho

Acesso digital

Além da falta de espaço adequado para estudar em casa, uma das grandes barreiras na implementação do ensino remoto é o acesso à internet e a equipamentos como computadores e smartphones. O Brasil é o sétimo país mais desigual do mundo, segundo o último relatório divulgado pelo Pnud (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento) em dezembro de 2019. Por este motivo, um significativo recorte de classe social ocorre no aproveitamento das aulas online.

Segundo Vanuza, na Unesp de Araçatuba, muito estudantes são contra o ensino remoto e acreditam que seria melhor cancelar o semestre. Não apenas por estudarem uma graduação da área da saúde – e não terem como praticar a teoria que estão aprendendo –, mas também porque nem todos os alunos estão tendo a mesma qualidade no acesso às aulas virtuais. 

Enquanto isso, na Unifesp, a Escola de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (EFLCH) optou por não dar prosseguimento às disciplinas presenciais de maneira remota, depois de realizar diagnósticos socioeconômicos. A decisão foi tomada no dia 24 de março e considerou que existia um elevado número de estudantes com dificuldade ou impossibilidade de acesso a computadores e internet. A Comissão do Curso de Letras, por exemplo, votou contra as atividades virtuais por entender que pelo menos 30% do corpo discente teria acesso restringido às tecnologias durante o isolamento. Na época, a EFLCH também reconheceu não ter como garantir universalmente recursos digitais aos alunos. 

Juliana Passos é estudante de Letras da Unifesp e conta que, durante todo o mês de abril, não houve nenhum tipo de atividade remota. No dia 9 de abril, inclusive, o Conselho Universitário da Unifesp resolveu suspender o calendário acadêmico para os cursos presenciais de toda a universidade. Já em maio, a EFLCH passou a disponibilizar disciplinas optativas – muitas delas abertas também para o restante da Unifesp. Elas contavam como horas complementares e as fazia quem queria/podia. Juliana escolheu duas: uma sobre feminismo e outra sobre Freud e sua relação com a política. 

Paralelamente a essa estratégia, a Unifesp passou a enviar formulários para solicitação de internet e/ou computadores para seus estudantes. “Mandaram por email, então não sei até que ponto as pessoas que precisam realmente conseguiram responder”, pondera Juliana. Depois desse novo diagnóstico, o Conselho Universitário se reuniu em 4 de junho e deliberou a retomada do calendário por meio de “Atividades Domiciliares Especiais (ADEs)”, que começarão em julho ou agosto, dependendo de cada unidade. Segundo Juliana, a Unifesp vai fornecer equipamentos aos alunos que precisam, além de um auxílio emergencial para alguns deles. O primeiro semestre letivo será finalizado no dia 19 de outubro.

Entretanto, não foram só as universidades públicas que tiveram questões com o acesso ao ensino remoto. Marcio Kowalski é professor do curso de Rádio, TV e Internet da Metodista. Muito ligado nas tecnologias e nos processo comunicacionais, Marcio explica que o sinal da internet varia muito, principalmente por causa de fatores sociais e geográficos. “Não é como o sinal da TV aberta, que tem para todos à vontade”, diz. Além disso, as próprias plataformas se sobrecarregam. “Onde eu trabalho são cinco mil alunos, imagina um sistema suportar áudio, vídeo e materiais simultaneamente, num horário específico das 19h às 23h”, reflete. 

Segundo Marcio, a maior parte dos acessos a esse ensino remoto está acontecendo por 3G ou 4G de celulares – e não por bandas largas robustas. “Tem situações de não perenidade constantes”, explica. Ele calcula que entre 30% e 50% dos seus alunos têm dificuldade para acompanhar o curso por causa da internet. Quando está dando aula, por exemplo, diz que alguns estudantes ficam repetidamente caindo e entrando na chamada de vídeo. “Não são todos que podem ter aquele clichê do computador com a estante de livros bonita atrás”, brinca. 

Foto: Kelly Brito/Unsplash

Esse é o caso de Jaqueline Leandro, aluna da graduação em Serviço Social da FMU, que encontrou dificuldades principalmente por não ter um notebook. Jaqueline estuda pela manhã e trabalha em um supermercado das 13h40 até às 22h. Ela queria mesmo era fazer Nutrição, mas conta que escolheu o curso e a faculdade de acordo com o valor da mensalidade, com sua nota no Enem e a possibilidade de ganhar uma bolsa pelo FIES. “Internet eu sempre tive em casa, mas o ruim mesmo foi ter que assistir aula pelo celular”, conta. 

Simone Amici é colega de Jaqueline no curso de Serviço Social e explica que sua turma estava tendo muitos problemas com a plataforma utilizada pela FMU, chamada Blackboard. Segundo Simone, os professores precisavam mandar por lá um link para a chamada em vídeo. Ela tem computador e wifi em casa mas, no dia que tentou acessar pelo celular, compreendeu a dificuldade que outros estudantes estavam tendo. “O link não abria, eu não conseguia entrar na chamada porque, às vezes, clicando direto na plataforma não funciona”, explica. A aula começava às 8h50, mas ela só conseguiu acessar às 9h30. 

Simone conta que, às vezes, é necessário copiar o link da plataforma e colar no navegador. “Fazer isso num notebook não é uma grande questão, agora fazer isso pelo celular é muito mais complicado”, pondera. Para solucionar essa questão e ajudar os colegas, a estratégia que sua sala passou a adotar foi colocar o link em um grupo de Whatsapp, porque descobriram que assim ele funcionava para todos. 

Porém, isso não resolveu todos os problemas de Jaqueline. Para fazer os trabalhos obrigatórios – seguindo as normas da ABNT e as regras de postagem na plataforma da FMU –, ela ainda precisaria de um computador. Inconformada, Simone se solidarizou com a situação da colega e chegou a sugerir aos professores que a deixassem fazer à mão, tirando foto e enviando para outros alunos postarem. No princípio, houve muita resistência, mas Jaqueline conseguiu conversar com a coordenadora, que encontrou uma solução: ela digitaria os trabalhos no próprio celular e enviaria via email. “Quando é um sonho, tudo parece que vai dar errado, mas eu tenho fé em deus”, diz a jovem. 

Simone, que acompanhou o desenrolar da história da colega, conta que muitos estudantes desistiram do curso quando começou a pandemia. Era uma turma de sessenta alunos que se reduziu a aproximadamente vinte, devido aos problemas de acesso. Segundo ela, mesmo que antes os trabalhos já precisassem ser postados na plataforma, as pessoas tinham como utilizar a biblioteca da universidade, ou lan houses e equipamentos de amigos. “Dados móveis de internet não aguentam 3h40min de aula todos os dias”, completa. 

Enquanto isso, na educação básica, a rede estadual também enfrenta problemas. O professor Ademir Almagro conta que, dos questionários que envia para suas turmas com tarefas baseadas nas aulas do Centro de Mídias, recebe apenas 40% a 50% de devolutivas. “Eu trabalho numa escola da periferia de Novo Horizonte, então, para a minha realidade, era esperado esse acesso ser bastante complicado”, diz. 

Além disso, Ademir fica um pouco decepcionado em perceber que há uma preocupação maior em entregar as lições e não perder o ano letivo, em vez de tirar dúvidas e realmente aprender. “A preocupação dos poucos pais que entram em contato não é com a qualidade do ensino, mas com a presença contabilizada para os filhos”, desabafa.

Alexandra Antonini é mãe de Luara, que está no 6º ano da rede estadual. Parceiras, mãe e filha passam os dias da quarentena juntas, estudando, conversando ou vendo filmes. Alexandra diz ter consciência de que sua realidade social é mais favorável do que a de muitas famílias que têm filhos em escola pública. Luara, por exemplo, assiste às aulas pelo Youtube do Centro de Mídias, usando computador e wifi de casa, com a ajuda da mãe para aprender os conteúdos. Para Alexandra, a estratégia da Secretaria da Educação de São Paulo é válida, mas não funciona para todo mundo. “Como estão fazendo aqueles que moram cinco ou seis em uma casa pequena?”, reflete. 

Questionado sobre os estudantes que não têm acesso a um celular ou televisão para acompanhar as aulas remotas do Centro de Mídias, o secretário Rossieli Soares disse que esses alunos entrarão em um grande programa de recuperação quando as escolas reabrirem. “A única possibilidade que nós não queríamos era não fazer nada”, explica. 

Entretanto, para Renato Casagrande, essa reposição será muito complexa porque a pandemia fez com que se formassem três grupos: aqueles que conseguiram acompanhar bem as aulas, aqueles que ficaram totalmente sem acesso e um grupo intermédio. Isso tudo precisará ser equacionado dentro de cada turma, e a volta às aulas presenciais também se dará gradualmente. Por causa desses motivos, Renato Casagrande acredita que o ano letivo está muito comprometido, por mais que hajam esforços para manter um ensino remoto. 

Por Iolanda Paz
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